3 graus, marca o termómetro da estação.
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Arte dos Arm Collective, também neste projecto. |
Enquanto Doe dissertava sobre a lógica das pipocas, eu revirava o relógio na palma da mão, maravilhada como um miúdo a quem se entrega um saco de berlindes.
"É ouro?" - perguntei-lhe.
"Dirias que é latão?" - retorquiu, com ar altivo.
"Pfff... Não sei."
Nunca tive grande aptidão para reconhecer e avaliar ouro, talvez porque sempre o tenha considerado ostensivo, arrogantemente caro e estranhamente desenquadrado das minhas verdades. Mas, agora que me coloco mais permeável, reconheço que o talento é ouro.
É fácil confundir dourado com ouro. O brilho é parecido e induz-nos em erro.
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Atribuído a Malangatana (não confirmado) |
Poucos a conseguem demarcar. [Mas a discussão não é nova].
Sou vergonhosamente leiga naquilo que hoje é chamada street art, mas não consigo deixar de me sentir minúscula perante algumas verdadeiras peças de arte que se estendem em telas de cimento. São gigantes naquilo que fazem sentir, monstruosamente belas nos vários mundos que guardam em si.
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"José e Pilar", por Ayer, Nark, Nomen e Pariz. Campo das Cebolas. Fotografia de Nael Rafaela. |
Pfff... Não sei.
Não me parece sequer exequível indicar - com a precisão que o pragmatismo exige - onde termina a poluição visual e começa a arte.
Será que é a permissão oficial que lhe determina o valor de arte ou de vandalismo?
Algures por Alfama. Autor Desconhecido. Fotografia de Nael Rafaela. |
O ouro é geralmente identificável com uma pequena marca que lhe serve de «permissão oficial» - o contraste. Mas também o há não identificado; e a verdade é que o ouro não deixa de ser ouro nem passa a ser (apenas) dourado por causa disso.
É fácil confundir dourado com ouro. Cabe ao nosso sentir reconhecer o brilho real.
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