Qual é a escala? (Parte 2)


O talento por vezes é fugidio, escorregadio; não se deixa fitar nem prender. Não aceita definições, foge de caixas quadradas, brinca aos disfarces e troca-nos as voltas.

E, nessas alturas, a pergunta 'Qual é a escala?' assume uma dimensão assustadora. Podemos até ter critérios, mas eles deixam de ser em número ou largura suficiente. E então as medidas tornam-se desfasadas. Tão desfasadas que só consigo pensar num elefante a tapar-se com um guardanapo de pano.


Autor Desconhecido

"Conhece o Tony Carreira?" - perguntei-lhe quando falávamos dos diferentes tipos de brilho do talento.

Pois, esse mesmo. Mas John Doe não conhecia. Ficou curioso, contudo.

[Como explicar a um britânico de Tower Hamlets quem é o Tony Carreira já são outras conversas. Daria, eventualmente, um bom trabalho para estes rapazes.]

Tenho uma visão mais ou menos construída do que é o talento para mim (minha verdade sobre uma realidade colectiva, claro) e é mais ou menos assimassimassim, ou ainda assim. Mas depois aparece o Tony Carreira. Difícil de cobrir com critérios, tanto quanto o elefante é difícil de tapar com guardanapos.

Não sou fã, nunca lhe comprei qualquer disco, jamais marquei presença em qualquer dos seus concertos. Mas há nele algo muito forte que me intriga e desassossega.

Qual é a escala? 

A escala perde-se por entre a multidão que religiosamente lhe segue os passos, que lhe venera a imagem e que lhe entrega em mãos o coração. 

Não se fica indiferente a fenómenos deste tipo e não parece haver teoria suficientemente capaz para enquadrar de forma clara este magnetismo a que se chama carisma.

Autor Desconhecido

O talento por vezes é fugidio; não se deixa prender em critérios ou escalas.

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